álbum novo de taylor swift etc. etc.
aconteceu. taylor swift lançou um álbum novo ontem. fui ouvir
às vezes, quando um desses álbuns de grandes artistas pop lançam, eu vou escutar porque vira assunto no grupinho de amigos e tem quem seja fã e eu acho legal entender por que meus amigos gostam do que eles gostam , mesmo que eu acabe detestando o que eles gostam e também porque talvez eu tenha o gosto musical mais esquisitinho do meu grupo e eu quero saber como é ser uma pessoa mais normal
tenho uma relação complicada com taylor swift que é difícil definir em gostar ou não gostar, e o twitter parece gritar “ame ou odeie-a” quando é semana de lançamento de álbum da loirinha. digamos que eu não sou bem o público alvo dela. tem faixas que eu gosto e reconheço o talento literário, mas não sou muito fã da produção musical. mas fui ouvir de todo jeito porque o álbum era mais curto e eu fiquei curiosa da letra vazada que minha webamiga compartilhou falando mal de charli xcx
um negócio que me irrita muito, tanto nos outros como em mim mesma, é absorver arte com uma opinião formada antes mesmo de começar. tipo, acho que a gente deve primeiro tentar apreciar a obra pelo que ela pretende ser antes de decidir se gosta do que ela é. tipo, eu tento ver um filme contemplativo com a expectativa de que vai ser bem calmo. eu só espero gostar do que vou contemplar porque ne kkkkkkkkk
mas vou além. essa repulsa toda à loirinha não é motivada apenas por motivos artísticos. é porque as pessoas não gostam de uma das personas1 que ela representa: uma bobona emocionada basiquinha. o desprezo não é apenas estético, é um desprezo moral. não gostar de taylor swift é se declarar acima dos demais que são tocados pela arte inferior da desajeitada sem graça que nem sabe dançar.
eu não estou dizendo que todo mundo é obrigado a gostar de taylor swift. nem eu gosto muito da dita cuja. é só que me cansa esse jeito de ver música como se fosse esporte ou um julgamento com vencedores e condenados mesmo que sympathy is a knife seja claramente a melhor música e aí qual é o parâmetro pra quem é quem é pop refinado de gostosa e quem é trilha sonora ultraprocessada pra songa monga considerando que a maioria das divas pop vêm tudo do mesmo sistema mas aí já é outro textão
não estou falando isso só pra fazer a ciranda da empatia ou pra ser o ciro gomes acima da polarização. também estou fazendo uma autocrítica. de novo, meu gosto musical é esquisitinho e meio fora da curva2 e eu me orgulho disso e obviamente já me senti superior por causa disso. e aí eu fico pensando sobre até que ponto minha reação à arte é estética ou pessoal? eu não gosto de uma música x porque eu não gosto de como ela soa ou eu não gosto do tipo de pessoa que ela me evoca? eu gosto das músicas que gosto pelo mérito criativo ou porque elas me aproximam de quem quero ser? é complicado, e acho que as duas questões se misturam. uma escolha criativa também reflete uma visão de mundo e vice-versa. acho que não dá pra distinguir categoricamente uma da outra.
dito isso tudo, the life of a showgirl foi meio paia. gostei de algumas músicas, detestei outras, algumas foram meio nhé. não vou fazer ranque porque eu só ouvi duas vezes3, só direi que as favoritas foram the fate of ophelia, elizabeth taylor e father figure. às vezes, eu quase podia imaginar como uma música poderia ser melhor, os momentos que estavam implorando por um tempero, uma coragem, uma exuberância. a vibe meio isso poderia ter sido bom se não fosse ruim
a galera mais cabeça diz que o problema é porque não dá pra lançar álbum todo ano e esperar qualidade e tem que dar tempo ao tempo e tal. e eu concordo, porém discordo. o problema de taylor swift não é só lançar álbum todo ano. quem acompanha k-pop sabe que dá pra lançar música todo ano sem perder a qualidade quando você tem várias pessoas trabalhando nisso red velvet gwsn que saudade do gwsn. acho que o verdadeiro problema é que taylor quer lançar álbum todo ano e ela quer escrever as músicas ela mesma e não deve ter ninguém que possa dizer a ela bicha, isso tá péssimo, toma vergonha na cara
a parte mais importante de fazer arte é editar, e é muito difícil se autoeditar porque quem quer se desfazer dos filhos que criou com muito carinho e amor? que mãe vai ver defeito na própria criança? muitas na verdade mas você me entendeu por isso, é legal ter alguém que jogue seu bebê pela janela por vc. de novo, eu concordo com dar tempo ao tempo. dá pra terceirizar essa responsabilidade pro seu eu de amanhã ou da semana que vem ou de 2027 porque o vínculo enfraquece e você enxerga a criatura com novos olhos. porém, o ideal é terceirizar a função para terceiros de fato.
taylor swift definitivamente não tem ninguém para fazer essa gentileza por ela. não é só porque a loirinha é bilionária, mas porque ela meio que não precisa dar satisfação criativa pra ninguém nesse ponto da carreira e você precisa ter muito dinheiro pra chegar nesse ponto na indústria da música. ela vai lançar o que ela quer lançar e pronto. todo mundo que cria individualmente corre o mesmo risco.
dona grimes é um ótimo exemplo do mesmo fenômeno. ela sempre foi muito possessiva com a própria arte e agora só lança o que quer no tempo que quer e só precisa dar satisfação para si mesma, principalmente depois que saiu da columbia records em 2023. e grimes claramente tá dando tempo ao tempo porque desde então lançou tipo uma música ruim, produziu uma música ok e remixou um remix meio pombo de magdalena bay e eu acho que ela já tava decaindo desde miss anthropocene viu
minha conclusão é que sou grata por ter escrito muita coisa ruim que me ensinou a escrever coisa boa eu amo meus poemas ruins de adolescente e ainda bem que eles vão morrer comigo. mesmo assim, eu não imagino que vá acertar todas as vezes. espero ter o discernimento pra saber quando preciso jogar meus filhos metafóricos pela janela — e ter gente ao meu lado que possa fazer essa gentileza por mim quando eu não puder. não sei se é uma conclusão boa, mas vai ter que servir que estou cansada de pensar em taylor swift. tenho salgadinho de queijo para fazer
este é o espaço que eu digo “muito obrigada por ler, um beijo pra você!”. muito obrigada por ler, um beijo pra você 4! se quiser me dar mais do que sua preciosa atenção, você pode compartilhar esse bloguinho com outras pessoas desocupadas >ω<
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notas da desocupada
a outra persona que eu tô pensando é de musa da supremacia branca. não vou entrar no mérito se é um título merecido ou não, mas né, eu não posso negar que é uma das formas como ela é entendida pelo mundo↩
obviamente não é o gosto musical mais esquisito e diferentão de todos, longe disso. eu sei os limites da minha performance↩
minha filosofia é que eu preciso ouvir várias vezes o álbum pra ranquear as músicas. quatro vezes no mínimo.↩
beijo especial pra quem leu até aqui etc. etc. vou mandar um beijo pro meu amigo swiftie gabriel. nem sei se ele vai ler, mas pareceu o justo né↩